Espaço dedicado a compartilhar expressões, reflexos e meras impressões através de textos, desenhos ou fotografias.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Amor em desgramática

Assistindo de forma descontraída (ou seja, por não ter nada mais útil para fazer naquele momento) alguns vídeos do popular youtube, deparei-me com uma pérola. Ali encontramos coisas bizarros, declarações melosas e piegas (como também é possível achar coisas interessantes e originais, só que menos frequentes). A playlist do dia era Skank, Jota Quest e outros do gênero. Foi nessa trilha sonora que surgiu o achado, uma "produção" especial que é impossível deixar de comentar, juro que tentei:

Como sempre, o vídeo veio recheado de fotos, letrinhas, corações e recados. Foto dele, depois foto dela. Foto dela, depois dele. Bicos, mãos fazendo corações, além de tentativas (frustradas) de caras e poses de modelo. Até aí tudo comum, inúmeras postagens seguem esse mesmo padrão e mesmo as fotos sendo bem estranhas, as vezes até assustadoras, a gente permanece firme na intenção de ouvir a música até o fim.

Geralmente relevo as imagens e por curtir realmente o som deposito nele a atenção. Mas desta vez o esqueci completamente, quando perto do fim surgiram letras no vídeo anunciando um encerramento à chave de ouro. Então, a moça (autora do tarabalho e provável parte criativa do casal em questão) escreveu:

"Uma confição...Te amo" - Oi querida? Já era... a concentração na música sumiu de vez. Ou seria concentrassão?? agora nem sei mais. Ela continuava:
"Um desejo...Estar com vc" - Ufa, não teve cedilha.
"Um voto...Sua felicidade" - Na verdade pensei, será que votou no Lula?

Acho que aquela primeira frase me fez muito intolerante com a jovem. Talvez estivesse sendo dura demais, por isso prestei mais atenção ao que viria, na esperança de amenizar a crítica:

Na frase seguinte ela falava da grande emoção de sua vida: o primeiro beijo dado no rapaz - que acredita ser O príncipe;

Por objetivo na vida, elegeu apenas o viver a dois - Quanta coisa... Ta exigente hein;

Como único pedido, escreveu: 'ser amada'. - Uau. O cara é o amor da sua vida, O tal príncipe, e voce precisa pedir a ele para ser amada? Putz, imagina se ele fosse a pessoa errada então;

A essa altura, ela fazia um lembrete afirmando que sempre iria amar o santo e reforçava com a observação: "tudo isso é porque te amo demais". - Entendeu? Calma, eu ajudo: Trata-se de uma super declaração auto explicativa do tipo 'vou te amar para sempre porque te amo demais' (aí complementa a frase com um sorriso amarelo e um sinal de jóinha. Perfeito). Entendeu agora?

Pensei que esse fosse o fim. E foi, do vídeo. Mas quanto às declarações, claro que não estava nem perto de ser o suficiente a tanto amor. Portanto, a autora tratou de registrar o primeiro comentário logo abaixo da telinha, dizendo: "Para meu namorado que mais amo na minha vida".

Considerei que depois de uma confissão, um desejo, um voto, uma emoção, um objetivo de vida e um pedido, à namorada faltou citar uma urgência: aulas de português. E, sobre o namoro, se eu fosse o cara ficaria de olho. Não é porque ele é 'o mais' amado que deve ignorar a existência dos outros, concorda? Sei lá, só para garantir...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

FORÇA sobre razão

Que zunido é esse que dá na cabeça? um badalo surdo, uma enxaqueca
Um coração louco, disparado, alarmado em batidas de exército
Se me encontro apenas sentado

O olho não fixa em ponto algum, pisca e treme em toda direção
Procura rumo, procura prumo.

Da boca que não pára e de dedos agitados,
saem pensamentos embolados mais preocupações
Responsabilidades. Ligações. Nervos

Sobra vontade - de correção, de aplicá-la
Me forço o maxilar, mordo os próprios dentes

Estimulantes, cafeína, químicas e um relógio
Me aprontam para explodir. Vomito xingamentos
e outras opções.

Deu a hora e esperei, calmo de porta aberta. Ainda o caminho está livre
só que agora por falta de porta, que com tanta força eu quebrei, no fechar.

Espaço físico - livre
No mental - ninguém cabe
e emocional, aconselho: não entre quem não busca se esmagar

O que eu quero, o que eu sei é de mim
o resto não importa. Ela? não importa.

Egoísta? Sou mesmo e daí.

*Nota de rodapé - De que serve então a força e a brutalidade sem qualquer estratégia, sem uma gota de razão? Só traduz virilidade em ignorancia e cegueira. Ou seja, muita burrice acumulada mesmo.

domingo, 31 de outubro de 2010

Decisão

Exatamente um mês sem escrever! Voltemos à atividade já.

"Outro dia senti falta, mas muita, de várias coisas. Daquela que chega quase a doer fisicamente. Mesmo assim, sem vacilo suportei e digeri. Porque falta ainda maior já sentia era de mim mesma. Da altivez, da audácia... do gênio. Por isso suprimi a outra, é que de repente fui mais eu outra vez."

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Faz-sendo certo

De que serve o fazer o certo e ser errado? Tempos atrás achei que as duas coisas pudessem coincidir em uma só. Mas tiro prova que não: ao ver pessoas (tão) erradas fazendo tudo certo e pessoas tão certas fazendo... nada.

Não servem. Nem uma, nem outra. As que fazem certo podem ter atidute agradável (seja ela temporária ou não), mas falta-lhes caráter. E o que tem caráter mas é vazio de ação faz um bem muito mais teórico que prático.

Concluí que fazer e ser diferem completamente. Mas, que o fazer [sem ser] recebe muito menos valor que o merecido e o ser [sem fazer] não causa diferença alguma, em lugar nenhum. De nada serve.

domingo, 26 de setembro de 2010

[Acidez feminina] Via Dolorosa

Com mulher vingativa, melhor não brincar. Talvez seja mais sensato dizer: com mulher, melhor não brincar. Posto que nunca se sabe que natureza a vigança poderá despertá-las, como bem mostrou Clarice na via crucis do corpo. Sim, somos todas amor.

Cada uma a seu modo. Umas são amor de carne, outras de espírito. Espírito brando e depois espírito amargo. Nesse ponto, as de carne certamente darão menos trabalho. Porém estas não são eternas... E todos, no fundo, querem os amores de alma. De laços. Com a esperança de duração prolongada talvez.

Ocorre que quase a totalidade dos homens deseja esse tal amor eterno, com toda sua alma. Com a mesma gana, deseja também um outro corpo e ainda outra amada de espírito. Ah, e mais duas ou três, quem sabe, se for capaz... conforme der conta.

Desconhecem o risco da indecisão: Impulsivamente agem, inocentemente pedem perdão, inutilmente acreditam que o alcançaram. Tão espertos para envolver vários amores, deveriam bem saber que neles não se deve confiar - principalmente em casos de não merecimento da confiança.

Chamemos de 'erro de xavier' (e não foi esse o erro do Xavier?). Foi, e não o único: acreditou tão piamente (ou pouco se importou), que o mesmo insulto voltou a praticar. Sem solução para o caso, enquanto dormia encontrou a morte (que lhe foi apresentada por seus amores maiores) e nem disso se deu conta. Não disse nada, nem se defendeu, que não houve tempo.

E elas? É certo que amam de fato, com força. Com a mesma força matam. Sem vontade de conter sangue algum escorrido (na verdade, por vezes pensam que o contrário nem faria tanto mal - um pouco de sangue espalhado, formando uma estampa bonita ou espirrando como um regar de plantas). Sem se preocupar com forma. Sem ao menos cerrar os olhos.

Ainda, com sincero pesar carregam: o corpo de chumbo, os próprios corpos, os vestidos negros, as lágrimas nos olhos, as lágrimas nos céus. Levam flores que lembram da vida, do chão bom e do amor. Uma justiça feita. Talvez não a da Terra, nem a divina - mas de mãos [femininas]... com uma enorme dor de coração desembainhada: apontando para cima e desorientada. Doída.


*
Para ler: O Corpo (A Via Crucis do Corpo) Clarice Lispector

Desdem

Sob a minha pele tem um imã
que o ferro no teu sangue clama
...toda vez que eu passo

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sentimento que não quero mais

Jogo fora, me revolto, entristeço e aborreço. Mas saudade, decidi, não quero mais.
Me desfarei de coisas que só maltratam
mandei embora, serei livre.

'Mas como, se ontem era tudo feliz melancolia?' - alguém intrigado há de perguntar
'Mas então me jogastes fora, é o que dizes?' - alguém indignado há de questionar
'Perdi contigo meu tempo e te perdi...?' - alguém arrependido há de cogitar
'Então é sem volta?' - alguém choroso há de lamentar
'E se, no fim, para mim não houver outra na vida?' - alguém desesperado há de imaginar

De tudo isso fico me rindo
Calma, explico:
Digo que a saudade é que não quero mais

E como farei que ela se vá?
Apenas tendo aqui os que não me deixarão sentí-la
Até gosto dela...

Mas à melancolia que me traz;
às coisas jogadas fora;
ao tempo perdido;
E às idas sem volta,
prefiro a ti

Alguém intrigado
que indignado me questiona
que se arrepende
chora e me ganha

Alguém que se desespera imaginando
não haver outra na vida
que o permita ser inteiro

Até gosto da saudade...
Só escolho deixá-la ir
Para em vez dela, te ter

domingo, 19 de setembro de 2010

Antagonismos meus

Me pedes verso
E não houve inspiração
Depois de coisas que ouço
Coisas que penso
e coisas que sonho

Meus dedos já não podem parar
de fazer curvas e feitos
Que dizem coisas por ti [ou em ti]
despertadas

Eles contam de mim
conversam de outro
E certamente teimam em contar de ti

Que de tempo em tempo
toma minha consciência;
minha inconsciência

Um só título de poema
me trouxe todo este verso em tua lembrança
Que ora me confronta
Ora me conforta

Quero que vás...
Mas não me deixes
Te olho. Me irrito. Me perco em mim
Te olho. Me irritas. Me vejo em ti

[05/2009]

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Manha

O cheiro que tenho na pele nem é meu
nem é certo
E a vida estava tão calma
De repente me vejo num novelo, embolada

Mas não acredito
nos gestos
nem nas palavras
Um ceticismo me treinou

Mesmo assim
Chamei meu bem
Falei dengosa
Ganhei carinho... briguei, como sempre
Me faço fria e distante

Então no escuro fiz beiço e chorei
Não quero nenhum bem
não quero nada e alguma coisa
estranha emoção insiste

Mas permaneço firme
alguns planos
doem meu coração

Não acredito nesse riso
nem no abraço
podiam ser verdadeiros pra forçar a crença

Mas vivo o minuto abraçada
com gargalhadas

O momento há
e é feliz

Só não entendo o por quê
de não haver alguém certo
que lute por me ter
assim

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Confissão

Esse é um texto mais antigo... Já tem mais de um ano que foi escrito, mas idade não proíbe postagem, proíbe?? (rs) Passarei a abrir mais vezes o meu baú de guardados a partir de hoje.

Confissão

Tenho saudade
Sei do teu ciúme
Da tua sensibilidade
Do teu amor

O teu favor é para o coração
Que modesto guarda o amor encontrado
encontro tua resitência
Mas meu coração
Já não tão duro
foi quebrado

É quebrado...

Sempre que me lembro,
e em ti pouso meu pensar
desabo minhas lágrimas
Sinto minhas dores
Me sinto de mim

Se eu me achego, te achegarias?
Diz que sim?
Se sou instável, resistes outra vez
Então busco
Limpar o que está por dentro

Reflito;lembro
Lamento; choro
Me aflijo
Me humilho
Me refaço

Faço planos
Aos quais dizes: 'Não sabeis o amanhã
Nada adianta o planejar
Nem pretender com arrogância...'

Mas esperas
que ao menos o cansaço de não descansar;
de não depender,
me derrube

Te pergunto: já é tarde?
Que quero me render
e digo: não farei, se assim não quiseres

Quero abrir minhas mãos
as levanto...
deixo ir

Entrego
o que não é querer supremo
E me entrego

Que sou tua
Fui
Ainda quero ser

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Whom is...

Who?
Who do you miss
Who do you love

For whom...
are you suffering
And why?

Why don't you go?
Why don't you say
Why can't you stay

Then, how
How do you wait
something to happen

Without fighting for it?
Try.

What do you need?
Come it to be
make it happen

Do it for you
and you'll be two

Do it for you
and maybe I do
wanna be US

Whom is...

sábado, 4 de setembro de 2010

Dia-a-dia

Em dias corridos
é vem, vai
acaba, começa
levanta

vem, vai
e mais um dia se inicia outra vez

Numa rotina escaldante
pessoas não se vêem
não se notam
nem se esforçam

Baixa sol e levanta lua
vem e vai...

Aquilo que buscas
não te busca
E o que te procuras
não te acha

Sentes... decentes emoções
Que vêm, depois vão

E penso comigo:
Mas afinal, o que queres?

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Tom sobre tom

Quanto tempo! Correria total, mas hoje escrevi um pouco:

Sobre ToM

'Entre o rosa e o roxo: tendência ao mais escuro. Pelo que recordo, aqueles rosas trazem e si um quê de amor, e de amizade.
Carinho, delicadeza, feminilidade... um sabor doce.
Mas dele dispensarei a passividade
Rumo a tons mais sombrios, que dizem de influência, poder e auto-expressão.
Como o Roxo. Que fala de aspirações elevadas e nobreza, mistério e transformação.
Uma salada de sofisticação, arrogância, sonhos e Imaginação...
De extravagância, magia, CriatividadE. Energia, ego, luxO.
Quando larguei tais fantasias
apropriei-me somente de uns raios de sol
'Para ver se aqui, brilhariam tanto quanto lá'
'Para ver se aqui seu brilho é chama, como lá'

sábado, 21 de agosto de 2010

Que Vontade

Não há motivo específico para que registre esse escrito. É apenas vontade.
Como essa coisa ocorre com elevada frequência, penso que me faz bem registrar. Que tanta vontade é essa eu não sei.

Tem vontade de tudo e, as vezes, vontade de nada. A verdade é que nunca faltam vontades, ao contrário, elas sobram. Podem até ser compartilhadas com quem não as tem. Não há dia que passe eu sem vontade.

Por vezes, ela se resume em passar vontade... em outrem. Todo dia diferente. E, me chame de egoísta, quem fizer cara feia durante esta leitura. Se algum leitor não deseja nada, me compadecerei de sua pobreza. Pois em mim, personagens gritam diariamente e brigam entre si para decidir a priori do dia. Não lhes importa qual seja o desejo, apenas a frase a respeito dele (que nasce pronta): Quero e quero!

Se elas (minhas personagens) querem, eu as assumo. Não me importo e nem ligo. Mas também não sei se a todas atenderei. Simplesmente confesso a humanidade em mim, o que não significa dizer que em tudo a satisfarei.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

(sem) Fronteira

Essa extensão de pele é como limiares de um continente. Eu não caibo mesmo nela:
Não me contém, nem me limita. É como uma França querendo guardar um Brasil inteiro.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Café de interior

-Esse é bão. É...
Mas, hein, Chicão
Ocê tá comigo ou num tá?

-Uai, sei não

-Vai um cafézinho?

-Ah, vai sim!
Esses tempo desanimei dessa política, num sabe?

-Se sei.
Pão de queijo, qué?
Se sei, eu também cumpadi
Mas diz que agora é diferente.
Conhecê, conheço não
Pegue ingá aqui
Assim... conheço como gente
Gente muito boa
Como gente conheço, como político conheço não

-Tá certo
Num mexo mais cum política...
Mas o cumpadi sabe que tô cocê, vice
Que se é boa gente
As vez, bom político há de ser!
E tem carambola nesse pé?
Bão esse teu café

-Se tem! Leve umas.
Vô é passar mais, que temo mesmo muito o que prosear
dessa política

-E num é? Até lá nós tamo decidido sô...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Eu quero tanto

As coisas que quero dependem do momento, dos lugares, das pessoas, do passado. Do humor, do ciclo, do clima, do dia. Dependem dos livros que leio, dos filmes que me encantam, das músicas que ouvi. O que eu quero depende de quem pergunta (e do por quê).

Só uma certeza tenho, quero sempre muita coisa. Outras vezes quero só uma, talvez crendo que todo resto (seja ele qual for) também estará ali, embutido.

Quero o mar, quero as montanhas, a praia e a neve. Quero o meu País, quero ser estrangeiro... Me mudar pro Havaí. Quero mesmo é viajar.

Quero um amor meu. Quero um amor em cada lugar.
Quero ser um e só sei ser vários.

Quero segurar mãos únicas.
Quero um ser humano; quero SER humano

Ser humano é ser especial...
Entre tantos desejos, só estes são os mais ocorrentes.

sábado, 7 de agosto de 2010

Condicional

Eis a condição para me encontrar:
primeiro, a sua imensa vontade
depois, rápidas brechas que te desvencilhassem do próprio cárcere romântico
Eu então te faria visitas

Foi o que virou costume, encontros irregulares
sem lei oficial
com regras particulares

Esperamos inquietos
que a liberdade chegasse
E chegou

Te vi mais livre do que nunca
Pior, livre de tudo (até de mim, pensei)

Só aí notei que quem usava algemas era eu

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Pé atrás

Eu tenho medo. Das coisas que não conheço e ainda assim penso que são mesmo verdade. Tenho medo quando alguém diz "Deus me disse".

--

1/2

É meio de caminho
Menos da metade do meu dia
tem vida pra acontecer
E quanta vida!
Porcuro sempre meios
de vivê-la por inteiro
Não gosto de metades.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Acerto os ponteiros - Há certos ponteiros...

Comprei um despertador, espero que me obedeça
Não há coisa que mais aborreça (ou frustre)
que a sensação do despertar na hora errada.

Se cedo demais, damos jeito
Se tarde, quem sabe?

Nessa ansiedade quase não durmo
receio que o cansaço de uma vez me vença
e o sono seja muito profundo

Melhor o cultivo das vigílias pesadas
a perder o momento exato do despertar.

[Embora o abrir os olhos seja redescobrir o mundo - mágico
e permanecer em vigília não permita este encanto.
Pois o que desperta, renasce.
O que acordado já estava, vê nascer.
São milagres distintos]

Deixo que durmas
observo tuas fontes, esvaindo-se de antigas amarguras.
Te desejo um repouso-nascente, de sonhos.

Na calmaria.
Que combinem com os meus, quais guardo em insônia.

Que te sejam esperança
A minha é que, quando já os tiveres sonhado, despertes
Para que possamos retomá-los, no momento exato. Nem antes, nem depois.

sábado, 24 de julho de 2010

Samba de menina

Essa menina-café
com sabor de chocolate
tem um cheiro-delícia
Que me derrete todo, todo

Essa menina-mulher
que pouca gente sabe
tem segredos e quitutes
que fazem bem ao meu coração

Ela me mexe
ela me bate
e ela me põe pra descansar

Por ela eu cresço
e quase explodo
De tanto tanto amor pra dar!
Ai ai ai, ai ai ai (é de tanto amor pra dar)
Ai ai ai, ai ai ai (é de tanto tanto amar)

Mas essa menina-café
quando unta esses lábios
Só me faz imaginar
De que é feito tanto sabor?
Oo ô, Oo ô (é de tanto amor pra dar)
Oo ô, Oo ô (é de tanto tanto amor)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Reggae Bom

E eu, que hoje acordei slow motion?
Eu que hoje sinto uma enorme vontade de desacelerar
De ser menos intensa em tanta coisa, como em mágoas desnecessárias
Que escorram para o ralo, com a água do chuveiro
Onde lava-se o corpo, mas o que se busca enfim é a alma limpa

Então desacelero
Escuto um raggae bom
Leio textos e poemas
Admiro fotografias, viajo para estes lugares

Só peço um pequeno sorriso
Causado por qualquer coisa comum

A felicidade é simples
Não se explica o pulsar nas veias

Só peço um sorriso teu
Que o meu vem logo atrás

terça-feira, 13 de julho de 2010

Trilogia 's'

Sequência

Se sou forte, me fiz assim
Ainda que palavras tuas me desmoronem
E já não domine coisa alguma

Existem, dentro de mim
coisas em tua homenagem
Das quais me esqueço

Porém, elas se acendem
quando pisca a tua memória
quando ligações remotas, mortas
num breve curto
deixam ver finas faíscas

Mínimos lampejos de
dias passados e
horas de mimos a fio

Comendo, andando
Cantando e fazendo
tudo o que se podia fazer
Vivendo e amando
sem saber


Sequela

No fundo, sei que tenho saudade
É que prefiro não lembrar
lembrança que gera choro
-não só do tipo bom-

Choro de falta sentida
Choro de dor causada
e mais choro (de raiva) por saber
que ainda se chora saudades de quem muito magoou

Por estes simples motivos
e sentimentos embaralhados
a preferência é não lembrar

Mas do que resulta isso,
se não do amar e ser deixado? Ou
de tanto amar, deixar partir?


Sina

O que já foi levo comigo
Numa caixinha de gaveta
Que recheio, com folhas secas
pétalas murchas
e perfumes passados

Guardo pedacinhos
que se alimentam de esperanças
secretas

De tempos em tempos
Sei que alguns ventos
Me roubam estes segredos
para pousá-los nos teus ouvidos

É aí que nossa reflexão se encontra
e faz coro com um universo
que só deseja o retorno nosso

Conspiração tal que me faz segura e calma.
Que nos tempos certos
me conta da tua volta
se consumindo em fogo
e em entrega, sem traição.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Por que falar da chuva?

Que céus vermelhos
me trazem olhos carregados
no meio da noite
E pestanejam estrondos.
Olhos úmidos, um vale inundado

Que olhos vermelhos
pressentem nuvens densas
no meio de um escuro imenso
onde aquelas gotas brotam

Inicialmente carinhosas, até caridosas
mas que têm por gosto a união
de formações mais destrutivas
fenômeno devastador

No entanto, sem atingir objetos e outros alvos,
prevalece apenas meditação doída
que se certifica de esquecimentos constantes

(exceto quando ela vem, precipitada)
E traz consigo ponderação de verdades
julgamentos e sofrimentos

Que ela não corra, nem goteje
que de uma vez rasgue um céu manchado
arraste o que vier adiante
arranque qualquer raiz

Pois, com sorte, estarão todas definitivamente exterminadas
palavras há anos plantadas
insistentes em crescer sem cultivo
Tal qual erva daninha.

As poças formadas aos olhos refletem
tudo de uma alma
Ali boiam imagens respingadas de lama
que a chuva relembra
e também desfaz

terça-feira, 29 de junho de 2010

Velharia já batida

Os tique-taques estão longos
Já quase não se ouve
Por instantes vibram suas ondas no tempo
tremores em silêncio

Se perdeu, o antigo movimento
Não existem ou não podem mais ser vistos
Quando aparecem, estão em sonhos

Luzes que não piscam
lâmpadas apagadas, sinalizam a festa que findou
todos se foram e nada sobrou
além de certa melancolia

Se, não mais piscam, entristecem
O silêncio traz pó
assentado aos pensamentos

Poucos órgãos (questionadores)
insistem em marcar compasso
Em todo o resto, dominam as teias.
(Sem sucesso) tentam abafar a voz que fala... a ouvidos tapados

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Lembranças, saudades

Ando sumida, mas preciso voltar a postar rápido! Porque os textos não deixam de nascer. O de hoje é continuação do anterior, como se fosse sua segunda parte:


Já não somos as mesmas pessoas
sou outra

Já foi o tempo
e crescemos

Já foi distância
ainda somos nós

Vários nós

Em espaços largos
Nos apertamos, nos refizemos de
riso e lágrima
outra vez Beijo
e outra vez Dor

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Beijo e Dor


'O que foi?'
Como podes perguntar o quê
não sabes que tuas vestes que aqui ficaram
Ainda me cobrem?

Me cobrem
e não me vestem
é que falta nelas teu calor
[Tua presença é que me cobre]
Teu amor

Não quero não
mas espero
A peça acabar

O cansaço chegar.
A entrega e o retorno

Aguardo que, se voltares da guerra,
possamos recomeçar
Voltarás se quiseres

Quanto a mim, quero.
e que seja breve
para que não nos falte (mais) tempo
de viver toda nossa trilha

E aí, nesse peito,
Bem sabes o teu lugar
Bem funcionamos
lado a lado
e aguardo

Que quando vieres, já não seja tarde
nem perguntes o que foi
...Não quero não

Foi o beijo
Foi a dor

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Artes Marciais

Ninja até o fim sem fim
Num corpo a corpo costume
Ela faz graça e eu faço arte
A gente ri

Entre desesperos tudo é excelente!
Entre pensamentos, risos e
falas sérias
Todo o deleite

Não sei porque ainda procuro
e entendo assim que a encontro
Observo sua loucura cheia de dúvida

Acho graça das afobações em fuga
Acho linda
Não me canso

Com ela nunca vou
aonde quero
Nem realizo o que planejo
não tenho nada enfim. Mas insisto

É independente
talvez até irracional
Todavia, meu lado grita
por sentí-la

A gente dança
Se abraça
Se canta

Reina intensamente
depois, cumplicidade de
brandas chamas

Me recolho e descanso
sentindo-lhe o colo.
Então ela some,
mesmo não havendo possibilidade

Me escapa.
Usa suas artes
e me deixa,
no chão!

domingo, 6 de junho de 2010

Sem Nome...

Esse texto acaba de surgir e talvez nem estivesse pronto para ser postado ainda, mas será (prematuro! se for o caso). Ele não quis esperar... nasceu, com sorte e sem nome:

Quando o amor disse ao jogo
Admiro os corajosos, os que dizem
Este respondeu
Quando for a sua vez, jogue. Não passe
E se não houver mais laço que refaça?
Tente

Não imagino... dói
mas passa
Ou não
ou doem pra sempre, que seja
Para sempre é muito tempo
tem caso...

Pode não doer
mas dá saudade (e depois, sim, dói)
Dor, saudade e sal
A olhos externos é tudo estado perfeito
parece bom por algum tempo

No meio da partida o amor se perdeu e gritou
(é dele surgir em jogos de palavras
ou brotar, com graça, em meio às conversas)
Como verso desabrochando filosofia

Subjetivo e sem nexo ele é todo sentido
Foi tanta palavra, de origem diversa
feitas, no fundo, por um só
que tocam ambos a mesma música

Em calores de qualquer discussão
pode ser que amor e jogo
se façam um

'O que começou como nada, quando terminou era tudo... e não sabia' - eis a maior dor
Já não importa o quanto ficou
quem jogou e quem amou
Quando do fim, notou-se que havia começado há tempos - eis o maior lamento

Quanto à sorte:
é rara a possibilidade de encontrar em outro,
nova face de si mesmo
e ainda mais, poder vivê-la - maior sorte
Faltou apenas lucidez... um azar

terça-feira, 1 de junho de 2010

Oco


Só a lembrança dos teus pés não
aquece os meus...

Gravei a imagem de um coração seu
que não alcanço mais

As mãos vazias
confirmam ausência
e ela não me serve

Há lacuna, em mim
que deve ser preenchida
Você deixou, tem sua medida

[05.2009]

domingo, 16 de maio de 2010

Outros Assuntos

Subsistem temas intrínsecos às relações que compartilhamos, maiores e mais profundos do que cismamos.

Cadeias de [des]informação
Linhas, entrelinhas, teias.
Enredo complexo, enredo humano.

Satisfatório seria não se deixar cingir
Por expressões de prazer
-qualificados componentes do ser (feliz)-
Romper teias e desdenhar entrelinhas

Cadeias aquelas
Que prendem pelos pulsos e roubam as ações
Aplicam inércia...

Hesitaria em aprofudar-me,
contudo, o enredo descortês
apresenta a intimidade dormente

Adquiro doída perspicácia.
Constato que o descortês é superável
Sem cessar
me reflito mais sagaz.

(Fabiana Novaes, 2008)


sexta-feira, 7 de maio de 2010

Janela Invertida

Esse texto foi escrito durante os desabamentos de casa, causados pelas fortes chuvas e falta de estrutura no morro do Bumba no início de abril, no Rio de Janeiro. Uma tragédia, consequente da adiação de medidas necessárias por parte do Governo. Infelizmente famílias foram partidas, assim como aquelas casas.

Em visões turvas
Notam-se apenas pés descalços
Cabeças baixas
Corpos abaixo

Difícil discernir dor e pensamento
Vazio, fome, solidão ou saudade
aparecem num só buraco

Ali jazem antigas esperanças
Na decomposição de sonhos
de vida, que se vai

De portas fechadas
A janela, caída
quebrada
um dia fez parte
De uma história,
um lar

domingo, 2 de maio de 2010

Resto de Melado


Como maçãs do amor
formando um jardim
estão corações espetados

Ainda vermelhos
que, dormentes na sensação
do espetar
Despertam à atenção
que o doce por fora
de dentro rouba o sabor

Cascas carameladas, antes de amolecer
trincam duras
e com o tempo aceitam marcas, dedos e furos
Depois põe-se a derreter

Pingam gotas como pingassem lágrimas
Escorridas.
Neste jardim, não têm onde cair
caem em lábios sem aparadouros
E Doce ao chão
é Doce desperdiçado

À boca não vai
que se for
não tem gosto de melado

Com o derreter-se por completo
o jardim se torna insosso
em breve vermelho
carne

Cede lugar à pequena mancha escura
que faz de tudo um tom cinza
são uns corações murchos
de um campinho desbotado
onde maçãs caem e se partem
Sem saciar ninguém

terça-feira, 27 de abril de 2010

Comentário a moderar

Taí, um aviso que seria mais útil aparecendo no cérebro,
enquanto dizeres são ainda tecidos
Que surgisse como um alerta:
antes que palavra fosse dita

O comedimento é um bom conselheiro.
Séries de informações seriam melhores
se contidas, em justos 'frames'

Quando vomitam-se, simplesmente,
percepções a cerca das coisas,
há risco de exceder as sinceridades
Minar tanta intimidade

A língua refreada pode atenuar (ou evitar)
certas dores
Em igual proporção (inversa), a sabedoria ausente causa sempre
abismo maior

Onde ocorreu um ferir
Pode vir outro contundir-se, ou melindrar
o contristar-se
Numa enxurrada de palavras

Que denotam desagrado e amarguras
do que pudera ser
martírio amável, vício dominador

Uma torrente de máságuas

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Mudando de assunto... Que tal a Lua?

Decidi postar um texto que não é tão novo. Ele foi escrito em agosto de 2009, num momento ruim, mas não como o ápice de uma dor e sim quando ela já está passando. Como a sensação de uma criança que chorou por horas a fio, e no fim, restam respirações fundas entre um soluço e outro. Com piscadas lentas e vistas embaralhadas, mas que mesmo embaçadas já não enxergam apenas os flagelos e permitem ver alguns pontos verdes, de esperança.

Faz mesmo tempo que não a vejo assim
Cheia [de si] em luz envolta
Juntos estão
e mesmo o vento sendo frio
aquece o coração

Deseja o que é novo
Procura o crescimento
a trasformação

Agora não se apavora
Se sente de pé
Se sente no chão
De mãos dadas a quem já sabe o caminho
ainda desconhecido

Um que não erra
maior que si mesma
Agradável é, não sentir peso
Leve, não ter que conduzir outro
Conhecendo plenamente a própria falibilidade

terça-feira, 20 de abril de 2010

Conversas Editadas

Donna¤COƒƒEE

Com a correria, todo tempo é reduzido. Mesmo quando sobra, não se gasta em excessiva antenção aos casados. Sistemas são sistemas. Mas, como permanecem amigos, merecem alguma antenção que seja (rara, porém genuína). Reclamações gravitam a cerca deste 'alguma', que seria próximo ao zero. Enfim, a vida segue para todos:

Vou bem
trabalhando...
vivendo...
amando...

Também
trabalhando
trabalhannndo
e trabalhando, as vezes vivo um pouco

E o amor?

Ah, nada
ainda ontem lembrei

Lembrou?

Tarde de domingo, de muito calor
um amigo convidou, a passear por cafeterias da cidade, em busca de um café gelado:
Só posso ter cheiro de café! Os queridos chamam, sem mais, para ir à cafeterias
(que, convenhamos, não é costume comum dos brasileiros) e nem ao menos perguntam, antes, se existe gosto pelo tal. Ou seja, deve estar estampado, em algum lugar

Não,
tens cheiro é de conhecimento
que sugere boas e longas conversas
que combinam com fins de tarde em lugares agradáveis
que lembram cafés!

Bons tempos

- Moral da história: As vezes, qualquer diálogo inesperado no meio de uma tarde comum, faz ver conceitos. E quando alguém pensar 'já não há amigos', busque as próprias memórias. Ouvi dizer que recordar também é viver, então lembre , sim. Lembre, sempre. Mas só daquilo que vale a pena passar outra vez.

(Agradecimentos ao amigo que emprestou palavras ao texto, saudades. Prometo acrescentar desenho ao post!)

domingo, 18 de abril de 2010

LinhaS


Dizem que o tempo é feito ℓιинα, tem começo, meio e fim. Pode ser.
E imagino que seja ∂єgяα∂ê, onde cores correspondem a momentos.
Não existem linhas apenas paralelas, ou não haveriam histórias a serem contadas. Pois, é no encontrar de linhas e cores que elas nascem... morrem. Nalgumas, de encontros e encontros formam-se иóѕ.
Larguei ali, no armário, um bocado destes, emaranhados.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Contos da Juventude - parte II

- Inesperada

Totalmente imprevisível
Nunca sei que resposta esperar...
Nem reação
Que, mesmo boa, me surpreende

Apreensão: a cada proposta lançada
por mais simples que seja
prendo a respiração
por não cogitar as respostas
É exatamente o que mais gosto
e prende minha atenção

Posso obter um NÃO objetivo;
um SIM indeciso;
Ou ainda uma mescla de modos
Como aquele SIM seco
e um NÃO espantosamente doce

Você parece brincar de quebra-minha-cabeça
em respostas que dissimulam intenções
e eu nunca sei
E adoro.


(A moça nunca o disse, mas pensava: "eu também!")

domingo, 11 de abril de 2010

Sazonal: Contos da Juventude [parte 1]

Naquele sábado a noite, quando toda a lista de diversão possivel estava esgotada e nada deu certo. Depois de ligações, mensagens e produções, todo o combinado fora abaixo. O jeito era contentar-se com um resto de madrugada naVagando online.

Os "encontros" com amigos, colegas ou (no mínimo) UM conhecido que converse atoa e fale por falar são comuns. Ela falou por falar:
-vamo dançar
-só marcar, mas vc nunca...
-vamo agora
-o que??
- ¬¬ VA-MOS SAAIR PA-RA DAN-ÇAR?-!-?-! (fazendo o estilo 'quer que eu desenhe?')
E continuou:
-vc não disse que tá fazendo aula? e que só falo, mas nuca vou? então, podia ser hj.. tô fazendo nd

A criatura enlouqueceu e a moça não compreendia o por quê:
-não acrediiito nisso, mentira! tô esperando a chance há um tempãoo..
-e é? 'Oo
-É! aí quando surge a oportunidade.. não dá :(
meu pai vendeu o carro dele há dois dias e precisava viajar no fim de semana
como nunnca saio msm, emprestei o meu! :/
Ah, nãao. Parece até que vc fez de propósito, como se soubesse que não ia ter como ¬¬

A essa altura, a moça já tinha se divertido (muito) com a história, rindo e achando boa, quando o rapaz disse algo que ela prezou saber.
-porque vc é assim?
-?? assim.. como
-inesperada

[continua...]

terça-feira, 6 de abril de 2010

Por partes!

Contradição (2 de 2)

Que esse é o nosso imã
digo e não ligo
é amor, é amigo
afeto meu, intolerante, ao orgulho conquistador
Num - sorriso confiante
noutro - despeitado semblante

É natural, é lívido
cativante e próprio
que sempre oculta mais que mostra
e, as vezes, n'algum gesto por acaso
Revela além das letras
linguagem particular

Nos contra, dizemos.
Como jamais confessamos o que de fato queremos
Mesmo a contradição só reafirma
a essência da vontade
empenhada na omissão...
Por ora sem êxito, que ela lateja

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Por partes

Contradição (1 de 2)

Nem precisa ser necessariamente falado
Ouvi: Nunca precisei dizer, nem você
Pensei e concordei - não, não precisou
Alguém me leu
um pouco entendeu
E muito não decifrou

Que os meus gestos eram contra os seus
Mas se seu peito comprimia o meu
Meus olhos encontravam em ti
o desejo de contrair-me os lábios
E contraías

Com_pressão

Então,
dei de banda
Negando-me a mostrar que queria o indevido
Bem assim mostrei
E quis
E tive

Larguei

Desejei não ter largado
Mas a perseguição nunca foi, por mim, aprovada
Apenas me fez falta aquela sombra

No algo não resolvido
Um tanto que não foi dito
eu ensaiei para dizer

E se agora quer saber?
Não digo


[... continua]

segunda-feira, 29 de março de 2010

Cotidiana constatação

Espremidas,
pode acontecer que, por acaso,
as pessoas mostrem quem de fato são

o que as preenche
e a que vieram

Revelam a feiúra horrenda que tanto prezam esconder.
Se, espremidas, isso é tudo que oferecem
Melhor fosse esmagá-las logo de vez

sexta-feira, 26 de março de 2010

Post sazonal...

A postagem anterior não foi prevista e bem espontânea. Então, decidi deixar seu título como um fixo, de postagens sazonais que chamarei de "Breves Comentários Noturnos". Afinal provavelmente quando não houver sono, tudo o que me preencherá a mente serão breves (ou nem tanto), superficiais, e as vezes complexos, comentários noturnos. Pretendo compartilhar alguns, aqui vai o segundo.


Contra-sensos:

Não se fie me lendo
descobrindo ou desvendando
que sou segredo
E não gosto de ser descoberto

...Só de quando em quando

quarta-feira, 24 de março de 2010

Breve comentário noturno

Concluí:

De certo te quero bem
e feliz

Desde que longe de mim

Posto que, busco também
felicidade minha [e mais]
o bem próprio

segunda-feira, 22 de março de 2010

Solilóquio

Me remete à mesma dor

que não sei se é dor sua

Se é dor dele

Mas que é dor minha


Certo pedaço de outra história

Pedaço de outro amor

por não sair disso

Pedaço foi. Pedaço ficou


(F.Novaes)

sábado, 13 de março de 2010

Curiosidade

Por que chamamos alguém de cínico?

Usa-se a palavra para definir pessoa dissimulada, não verdadeira. Encontramos aí, a mínima ligação (ainda restante), com o significado original: o Cinismo era uma doutrina de filosofia grega que considerava a honestidade o único requisito necessário para a felicidade. Único mesmo.

Os cínicos eram filósofos-mendigões, não davam importância à roupa, dinheiro, família, costumes, tradição e higiene (no sentido mais literal que podiam!). Só para a honestidade. Viviam conforme a natureza, como cachorros de rua, daí vem o nome (do grego, cyon=cachorro).

Diógenes foi o maior propagador da filosofia. Hoje, ironicamente, a palavra assumiu significado inverso. Quando alguém chama outro de cínico, está, na verdade, querendo dizer que o dito cujo age falsamente... De início, a intenção do comentário seria algo do tipo: - ah como é sincero, não??(nas entrelinhas: que mentira descarada!).

Caso curioso, é a frequência e volume de cínicos, em qualquer um dos sentidos - cachorros ou falsos - com os quais esbarramos diariamente. Em todos os lugares.

segunda-feira, 8 de março de 2010

o Forte

Sempre fui livre
Apeguei-me a poucos amigos
Irritam-me uns semi-amores

E não me preocupo
com o termo regente
Quem pertence a quem?

Enquanto em mim, enobreço
O voar
O vento e seu chicote
O cabelo solto

Neste caminho também,
O frio no estômago
ou na espinha
Velocidade e incerteza
O que vem a seguir?

Improbabilidades de mim
relembram que participo inatamente
do âmago destas combinações
A essência do desprendido
Me compõe

Na liberdade fui feito
No nada
na ponta
Às minhas vistas, um mar

terça-feira, 2 de março de 2010

Dizer, falar, cantar Lenine

"Queria cantar Lenine... Aquele ritmo que vai envolvendo e dá até uma vontade de paixão. Eu canto, mas como não sou boa em representar a este nível, preciso mudar pequenos detalhes. Quase nada:

Já conheci muita gente
Gostei de alguns garotos...
depois gostei de você
E vi que era igual aos outros

Ninguém pode acreditar
Na gente lado a lado
Daqueles mil amigos
você foi meu namorado

Procuro evitar comparações
Entre amores e desilusões, eu tento
Mas não consigo entender

A minha vida continua
Mas confesso que eu quis ser ainda sua.. (não pra sempre)
Quem pode me entender?

Depois, com você
Te descobri igual aos outros e só

São tantas noites...
Amores sem ciúmes
Eu sei bem mais do que antes
Das suas mãos, do seu perfume

Eu não consigo achar normal
Meninas do seu lado
Eu sei que não merecem e vão se dar mal
amando o novo namorado

...só eu. Sei te vencer

Procuro evitar comparações
Entre amores e desilusões, eu tento
Mas não consigo entender

A minha vida continua
Mas confesso que eu quis ser ainda sua.. (não pra sempre)
Quem pode me entender?

Depois de você
todos me parecem iguais e só

Ainda quero cantar Lenine, noutra versão, incontáveis vezes. Mas sem precisar comentar o fim(pois não o espero); Nem a decepção, nem a dor do coração.

Espero no futuro dizer, que dos muitos que encontrei, vivi, sofri, amei ou deixei, ao menos um valeu a pena. E que ainda outra vez valeria a pena.

Sendo assim, não apenas cantarei: farei questão de sussurrar ao seu ouvido que os outros são os outros, e só; Direi que minha vida, só, não continua e confessarei que vou ser para sempre 'sua'.

Não, eu não vou me esquecer."

segunda-feira, 1 de março de 2010

Desenho...


Papel e lápis à mão: O resultado foi este rabisco, inspirado no texto do primeiro post. Essa é a imagem que me vinha à mente enquanto eu escrevia (e sempre que releio) aqueles versos.

A moça traz um certo mistério. Revela algumas coisas de si mesma, mas muito está escondido, não conseguimos ver. É como se precisássemos buscar outros ângulos para descobrí-la de novas formas e compor o que realmente é.

A posição do seu rosto, por exemplo, pode sugerir que tenha o olhar por cima do ombro, revelando confiança em si mesma. Não depende de ninguém. Mas também caberia um olhar morto, cerrado, vazio e triste. Cheio de solidão; O dorso descoberto me fala que é livre, de regras e parâmetros pré-estabelecidos, não é conformada. Se nela realmente há beleza, não conseguiremos ver, mas parece ter charme. Além de uma sensualidade jamais vulgar, pelo contrário, próxima à elegância; A tatuagem grande sobre a pele, me diz de opiniões fortes, expressadas conforme a necessidade; Talvez, também seu gênio seja forte, não deixa de ser feminina... Nem percebo medo algum e quem sabe seja insegura. É intensa; O caimento dos babados na cintura me lembra pétalas, ela mesma parece um ramo, surgindo ali de dentro. Uma flor.

Observando várias vezes, pode ser que alguém comece a compreender fragmentos desta moça... Só sei que me parece peculiar, excêntrica, e ao mesmo tempo reservada em muitos assuntos.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Origem

Para a primeira postagem, nada melhor que o texto que dá nome ao blog. A vontade de reunir vários pequenos escritos já existia, mas com este, o desejo de fato nasceu:

αηα ƒανα

De fácil cultivo
Em qualquer solo cresce. Arbusto
Nutrida de conquistas amorosas que a fazem bem
E outras águas essenciais à vida. Robusta
O permanecer imersa, em supresas felizes, lhe revigoram a alma
Não requer complexos ou excessivos cuidados
Ela é simples.

E oferece agradáveis flores, ditos amores
Em cores...
De elevação e sublimação, mostra o que busca no espírito: destino dos seres
Apenas seu perfume já prediz
tanta sorte e realização
de secretas esperanças
Ela é forte.

Admirada da infância
em intensos folíolos que denunciam a abundância
e as vezes dizem
de lutas impiedosas que virão, ao deitarem sobre si mesmos
Permanecendo porém juntos
Conforme o toque
Tudo se fecha.

Num coro mudo o silêncio diz 'Me deixe só
ou Vá embora'
Retrações imediatas
culpam o tocar inapto
Mas o excesso de exposição também lhe causa mágoas...
Se anoitece, encolhe
Se grandes ventos, diminui
Irmã das Acácias e Neptunias
Ela é comum.

Mas tem encanto.
Delicada, embora não transpareça
Seu balé intenciona apenas evitar
que medos e fraquezas
Sejam, de todo, descobertos
Mas ainda anseia o cultivo. O cuidar.

Sobretudo, como uma fava, graciosa, ana
Cresce.

(fabiana novaes)