Espaço dedicado a compartilhar expressões, reflexos e meras impressões através de textos, desenhos ou fotografias.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Mentira de verdade

Existem histórias tão bem inventadas, que nós mesmos passamos a crê-las.

Nós a fazemos
Convencemos outro de que a vivemos
Passamos a agir como se tivéssemos vivido

E com a crença no histórico montado, nos esforçamos por perpetuá-la dia após dia.

Vez ou outra surge uma alma piedosa e insistente de nos trazer à luz, à toda realidade, à libertação.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Feliz erro Novo

Observo as pessoas, como agem, se expressam e se relacionam. É interessante. Algumas coisas são curiosas, outras parecem não fazer o menor sentido e nem merecem explicação. A todo tempo desenvolvemos hábitos, manias e vícios - em tudo. Cada qual com maneira própria de interagir com o mundo.

Nesses laboratórios me surgem inúmeros questionamentos, o que já é natural de mim; o que já é natural dos laboratórios. Não há lógica, por exemplo, para a necessidade (só pode ser uma necessidade) que as pessoas têm de vivenciar sempre os mesmos erros. Uma vez e duas... não só isso: várias vezes, como um ciclo. Parece um vício, como se a vida acabasse sem o erro. Ou talvez, para elas, simplesmente não haja equívoco algum.

É como se o mesmo papel fosse interpretado diariamente, com o mesmo enredo e ainda assim o intérprete, tão envolvido, se recusa a enxergar que já conhece o fim e alimenta as mesmas esperanças de seu personagem. Quem olha tudo isso como a um filme, vê de forma diferente quem sabe mais coerente e pela repetição já diz o final. Acontece que o que está em cena ignora o alerta, por querer no fundo passar toda a antiga dor outra vez. Pode ser que o prazer disso esteja na falsa possibilidade de um final diferente, a despepeito de toda experência passada.

Cada um com suas manias, é direito. Porque resmungam então de suas dores, de corações partidos, se é isso mesmo que querem e os faz feliz? Somos realmente contradítórios e não objetivos, é fato. Chega a ser cansativo, por isso não mais levarei em conta: deixemos que resmunguem, que vivam os pedaços 'felizes' de suas ilusões, que sofram e chorem (distantes de nós, para que não aturemos sempre a mesma ladainha, claro) e... pronto! Tudo outra vez. Ah, ninguém vai morrer... não por isso.

Quem sabe seja mesmo o que as pessoas buscam: morrer de dor, morrer de amor. Pois não daremos tanta importância - Não darei. Dos outros não sei, quanto a mim decidi romper agora aqueles meus vícios... Provavelmente terei desenvolvido outros antes que perceba. Ao menos serão novos, que os mesmos - argh, não aguento mais. Os que vivi deixarei repousados, vez na vida outra na morte tirarei deles o pó para relembrar as lições que me trouxeram.

Somos imperfeitos, nisso fazemos nossos caminhos. Sim, sem dúvida erraremos. E se falhar faz parte, ora, que seja em coisa nova e não na mesma de sempre; nem na mesma época do ano ou área da vida. Perspicaz é o que observa que o mal da repetição é a impressão de igualdade; é quem vê que, apesar de situações semelhantes e os mesmos costumes, nunca somos os mesmos. Cada fase, cada idade e cada maturidade trazem em si experiências novas - com erros novos, que também merecem ser vividos.

Dos próximos que escolhem permanecer vivendo no mesmo círculo torto, finjo não ver. De mim, o que foi, guardei. Manter vícios antigos é opcional e se há quem prefira assim não direi que mudar seria melhor, assim como não mais os assistirei. Morrer de dor, morrer de amor... Pode até ser o que as pessoas buscam. Eu? Só desejo morrer de tanto viver.